Digo que não, juro-me que não
Digo que não, juro-me que não
Mas acaba sempre por acontecer
Digo que fico por acordado
Mas, sem ter sequer notado
Acabo sempre por adormecer
Digo que não, juro-me que não
Mas é sempre o mesmo sonho (e por vezes nem me deito)
Sonho que passeio de mão dada
Não com a amiga, mas com a namorada
Num mundo que me parece perfeito
Digo que não, juro-me que não
Mas é sempre isso que acredito
E por mais que seja expectativa criada
Sei perfeitamente que não é, na verdade, nada
E fico, por dentro, partido
Digo que não, juro-me que não
Mas quando acordo, e vejo o que está mesmo à frente
Fico de coração estilhaçado
E pareço uma pessoa diferente
Por Vezes
Por vezes fico a pensar
Em tudo o que me acontece
As conversas, as sensações
Os sentimentos e emoções
E tudo mais que me adormece
Por vezes preferia não ter sensações
Os tão conhecidos cinco sentidos
Preferia não ter visão, olfacto
Não ter gosto nem tacto
E que não entrasse um som nos meus ouvidos
Por vezes preferia não sentir
Não ser capaz de querer ou gostar
Mas aquilo que não queria
(E que acontece todo o dia)
Era ser capaz de amar
Segurança
Pensam muita coisa de mim
Porém isso não me importa
Muito me chamam em qualquer sítio onde vou
Mas sei perfeitamente quem e como sou
E é isso que me conforta
Pensam muita coisa de mim
Talvez até que não sei raciocinar
Mas sei que o sei fazer
Melhor que alguns que, ao escrever
Nem se lembram de pontuar
Pensam muita coisa de mim
Chegam até a chamar-me de atado
Mas sei que não corro esse perigo
Pois sou certamente mais íntegro
Que um traficante drogado